"Escrever é mariscar palavras-peixes que beliscam nosso anzol", escreve Gabriela Romeu no posfácio do livro Diário das Águas, de sua autoria, com desenhos de Kammal João.
O livro é todo permeado de falhes e fragmentos de uma viagem pelas infâncias dos rios Tapajós, Xingu, São Francisco, Paraguai, Oiapoque, Humaitá e Santo Antonio, percorrido por Gabriela em suas incursões jornalísticas como editora do caderno Folhinha, do jornal Folha de São Paulo.
"Foi mariscando lembranças de andanças por muitos rios que este diário nasceu, quase afluente de um desejo de radiografar a vida nas águas, uma tarefa tão fascinante quanto naufragável", segue ela em sua descrição de seus anos de documentação da vida de meninas e meninos ribeirinhos do Brasil.
"Tal itinerário foi sendo desenhado numa cartografia de lembranças do fundo e das brenhas, aguadouro de experiências do vivido (ou não), desaguando com força a vida regida pelos ciclos das águas, que enchem, vazam, secam e inundam o cotidiano dos povos das beiradas. Tudo reunido numa só bacia hidrográfica", finaliza ela.
Vale demais embarcar e deixar-se inundar por esse Diário de Águas!